28/03/2011

Coquetel de remédios para emagrecer

Conforme divulgado hoje no Jornal Hoje (Rede Globo), há médicos prescrevendo uma fórmula bombástica para redução de peso.

 Uma receita de um médico do Rio de Janeiro foi analisada pela Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia no Rio. “Isso daqui é uma bomba. Inclusive a pessoa corre sério risco de vida. Nós temos duas anfetaminas, mais tranquilizante, mais um anti-depressivo, mais diuréticos e mais laxante. Isto aqui inclusive é proibido”, diz Vivian Ellinger, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia/RJ.

As "fórmulas" geralmente associam, um inibidor do apetite (em geral, um anorexígeno derivado das anfetaminas, como: femproporex,  anfepramona ou mazindol), com um diurético (furosemida) e um ou mais laxantes de origem vegetal (fucus, cáscara sagrada) ou química (fenolftaleína). Podem conter também hormônios tireoidianos (T4, T3, ou o acido triiodotiroacético - tiratricol ou Triac) e calmantes, bem como várias outras substâncias de efeitos diversos, com o objetivo de aumentar a perda de peso e diminuir os efeitos colaterais das outras substâncias.

O Conselho Federal de Medicina proíbe este tipo de fórmula, e fez uma resolução especialmente para vedar esta combinação de anfetaminas com substâncias como diuréticos e laxantes.

A denúncia será investigada pelo Conselho Regional de Medicina do Rio. “Perder peso, mas de uma maneira definitiva. Essas associações você perde rapidamente e ganha ainda depois que para muito mais rapidamente. Então isso não resolve o problema”, afirma Luís Fernando Moraes, do Conselho Regional de Medicina/RJ.

“Se for uma pessoa jovem, que não tiver nenhum problema de saúde, pode ser que ela consiga não morrer, mas ela corre sérios riscos, com certeza”, garante Vivian Ellinger.


Principais efeitos colaterais destes remédios:


1) Moderadores de apetite - podem aumentar a pressão arterial, acelerar os batimentos cardíacos,  arritmias cardíacas, causar insônia, boca seca, suor excessivo, agitação, ansiedade e até delírios e alucinações. Em indivíduos com pressão alta ou problemas cardíacos, podem provocar angina, infarto e morte por parada cardíaca. Os efeitos são mais graves quanto maior a dose e o tempo de uso. Podem causar dependência se usados por mais de alguns meses. Esses medicamentos são proibidos na maioria dos paises desenvolvidos, mas no Brasil ainda podem ser usados com receita medica.

2) Diuréticos - reduzem o peso pela perda de água corporal e nada mais. Podem levar a problemas renais graves, bem como à perda de sais minerais.

3) Hormônios tireoidianos - foram os primeiros medicamentos usados para tratar a obesidade, mas logo foram abandonados porque podem provocar taquicardia, arritmias cardíacas, aumento da pressão arterial, angina, infarto, insônia, agitação, irritabilidade e problemas menstruais quando utilizados em doses altas ou em pessoas que não tenham determinadas doenças da tireóide. O uso de hormônios tireoidianos promove perda não só da gordura corporal, mas também do tecido muscular e ósseo, levando a osteoporose  e a fraqueza muscular importante e redução da tolerância aos exercícios e da capacidade de trabalho. 

4) Laxantes - também diminuem o peso aumentando a perda de água. Podem levar a problemas renais e intestinais. O uso de laxantes por longo período pode fazer com que o intestino fique "dependente" desses medicamentos.

5) Calmantes e ansiolíticos - usados com o objetivo de diminuição dos efeitos colaterais causados pelos moderadores de apetite e hormônios tireoidianos. Quando usados isoladamente, podem levar a ganho de peso. Quando usados em conjunto com essas outras substâncias, podem levar a interações medicamentosas e efeitos imprevisíveis sobre o sistema nervoso central (delírios, alucinações, paranóia, mania de perseguição, fobias, depressão, surtos psicóticos etc.). Podem provocar dependência se usados por tempo prolongado.

6) Produtos naturais e ervas  - não há estudos sobre o uso dessas substâncias no tratamento da obesidade. Com isso, também não há conhecimento sobre seus possíveis efeitos colaterais. Altas doses também podem ter efeitos adversos.